Percurso dolorido
Leonard é um
rapaz um tanto perdido na vida, que foi morar na casa dos pais após
sofrer uma decepção amorosa. Tem uma mãe protetora e um pai preocupado
com seu futuro. Na vida de Leonard entram duas mulheres, Sandra e
Michelle. Ele transa com Sandra mas é loucamente apaixonado por sua
vizinha, Michelle. Vemos o mundo dele desabar quando descobrimos que
Michelle tem um namorado. Leonard fica inquieto, e desconta sua tristeza
descascando o papel do poste. A cena é o desfecho de um balé luminoso e
brilhantemente arquitetado por James Gray segundos antes: O casal dança
em uma boate, Leonard abraça Michelle com toda força, como se tudo
aquilo fosse seu mundo, sua parceira recebe um telefonema e o abandona
na pista. Leonard ama Michelle e abre seu coração duas vezes: no terraço
do prédio, numa coreografia cinematográfica precisa e sóbria, onde os
dois são enquadrados pelas janelas e portas da casinha, e a outra no
mesmo local, uma cena mais fechada, que culmina na explosão carnal mais
sublime da atualidade no cinema. Não interessa saber se o ciclo
dramático será fechado, o que vale é sentir a intensidade do personagem,
vivido magistralmente pelo ator Joaquim Phoenix. Gray declarou
recentemente que estava procurando um modo de fazer um filme que
apelasse inteiramente às emoções, que pilares intelectuais ou convenções
do gênero passassem longe. Leonard não é um típico Don Juan, é um rapaz
com andar desengonçado, que vê em uma mulher viciada em drogas o
caminho para sua libertação. O cinema de Gray é silencioso e silencia. A
sequência do pátio no prédio, onde o protagonista espera sua amada para
fugir, é tão bela que assusta pela sua simplicidade, a duração é curta
mas parece que dura uma eternidade. A câmera de Gray é astuta, denuncia a
emoção, procura no olhar sua força. Leonard trocando olhares com sua
mãe e Sandra olhando para Leonard são imagens que dizem mais do que toda
filmografia de Bertolucci, Gus Van Sant e Lars Von Trier dizem juntas.
No 'clímax' do filme nosso protagonista olha para nós, como se quisesse
dizer que voltaria a fazer o mesmo caminho que fez na monstruosa e linda
abertura. No fim salta uma impressão, que a vida nunca se fecha, é um
percurso constante e dolorido, e James Gray soube como poucos
enquadrá-lo dentro da sétima-arte.
Aerton Martins ( APJCC- 2009)
Ano: 2008
Duração: 110 minutos
14 anos
Serviço:
Dia 25 de Outubro,quinta-feira
Às 18h30 no Cine Teatro do CCBEU
(Travessa Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA
Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cine GEMPAC
Mais informações:
E-mail: cineccbeu@gmail.com
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