Cine CCBEU comemora 3 anos com sessão especial
O último dia 21 marcou exatos 3 anos desde que a sessão de "O Poderoso
Chefão" inaugurou uma das parcerias mais frutíferas da APJCC. A trilogia
de Francis Ford Coppola foi apenas o ponto de partida do Cine CCBEU. A
trajetória inclui obras de diretores ilustres, outros nem tanto, alguns
elogiados pela crítica, outros mais considerados pelo público. A todas,
foi dado o direito de exibição e debate, direitos mínimos de toda obra
audiovisual.
Tendo o debate como foco, é de forma coerente a essa postura, a do
diálogo, que os filmes da sessão de aniversário sempre foram escolhidos.
Das outras duas vezes, o público escolhia o diretor e a curadoria do
cineclube, representada pela figura de Miguel Haoni, selecionava o
filme. Com Haoni longe por motivos acadêmicos, nos últimos meses a
tarefa de levar o Cine CCBEU adiante está nas mãos de Max Andreone e
Tiago Freitas. Eles fizeram algo diferente dessa vez: lançaram já os
filmes para votação. O público escolheu, no blog do Cine CCBEU, entre
Fogo contra fogo, Orgulho e Preconceito, O lutador, Gran Torino e Batman
- O cavaleiro das Trevas.
Depois de várias reviravoltas e 308 votos, o público optou pelo
cavaleiro de Gothan. Sendo assim, é o filme de Christopher Nolan o prato
principal da próxima quinta-feira, 31 de maio, a ser exibido com
projeção em blu-ray com projetor de alta definição. Mas, como é festa,
há também sobremesa. Após a sessão, será realizado um quiz com perguntas
relativas aos filmes que já passaram pelo cineclube. Os presentes
poderão ser agraciados com brindes, incluindo livros sobre cinema e
camisetas.
Sobre o filme:
Ao contrário do que a maioria grita, em tempos de febre Batmaniana nos cinemas, nunca fui adorador do personagem. O homem-morcego não chamava minha atenção nos quadrinhos, nem em desenhos e muito menos nas capengas e soporíferas adaptações para a tela grande. Quando menor o que preenchia minhas noites de insônia ou era uma edição da MAD, ou uma das aventuras do malandro Zé Carioca. Um sujeito chamado Christopher Nolan, diretorzinho que sempre procurava algo - mas só achava a bagunça generalizada em seus filmes - deu um sopro de vida não aos personagens, mas sim, à obra.
Fez de “Batman- Cavaleiro das Trevas” uma tábua de salvação. A Obra perniciosa, nociva e pesada encontra aquele cinema querido, que muitos cinéfilos sentem falta: o cinemão. Obras que possuem fôlego e vigor narrativo, e que não esquecem que mesmo em um terreno distante do autoral, a possibilidade de criação alcança patamares até não desejados por seus criadores. Esse é o caso que, felizmente, toma conta de Nolan e de “Batman- Cavaleiro das Trevas”.
A abertura do filme demonstra que a mão do diretor sofria de uma benção necessária: a câmera segue em travelling vertiginoso em direção a um arranha-céu, a vidraça é estilhaçada. Ladrões mascarados tomam de assalto um banco. Homens matando uns aos outros. A seqüência por mais simples que possa parecer, contém toda a modulação do mal, por qual a obra vai espernear o tempo inteiro. A loucura se instaura. O tom policial, humanista, realista, e doentio, trata de dar alimento ao embate, não entre Batman e Coringa, não entre o comissário Gordon e a corrupção de Gothan, mas sim entre o ser humano e sua derrota.
O campo é aberto para o ser humano e suas dores. Coringa altera a origem de suas cicatrizes a todo o momento. Batman renega salvar seu grande amor por um bem ‘maior’. Gordon participa de uma farsa que provoca reações negativas em sua família. Dois barcos e dois detonadores. Está armada a confusão: um leva os civis, pessoas de dignidade e de boa conduta, o outro, carrega a escória da humanidade, assassinos. Nolan ‘aborta’ o desfecho crucial do incrível set-piece às avessas. Mas aí já era tarde demais. O ser humano se encarrega de mostrar, cada qual, a sua essência. Nolan participa do jogo alterando e manipulando sabiamente o espaço entre os personagens. Esse espaço estrutural, vindo dos filmes de gênero, encurta a distância entre os filmes de entretenimento e “filmes artísticos”. “Batman-Cavaleiro das Trevas” cospe em nossa cara a assertiva do sublime Fritz Lang: “somos todos filhos de Caim”. Nunca foi tão saboroso sentir o doce sopro, herdado do assassino de Abel.
Aerton Martins-APJCC 2008
País: Estados Unidos/Reino Unido
Duração: 152 minutos
Ano: 2008
14 anos
Serviço:
Sessão da Plateia Especial de 3 Anos de Cine CCBEU
Dia 31 de Maio, quinta-feira às 18h30
no Cine Teatro do CCBEU
(Travessa Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA
Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cine GEMPAC e Art Malha
Curadoria: Tiago Freitas e Max Andreone
Mais informações:
E-mail: cineccbeu@gmail.com
Twitter da APJCC
Facebook
Ao contrário do que a maioria grita, em tempos de febre Batmaniana nos cinemas, nunca fui adorador do personagem. O homem-morcego não chamava minha atenção nos quadrinhos, nem em desenhos e muito menos nas capengas e soporíferas adaptações para a tela grande. Quando menor o que preenchia minhas noites de insônia ou era uma edição da MAD, ou uma das aventuras do malandro Zé Carioca. Um sujeito chamado Christopher Nolan, diretorzinho que sempre procurava algo - mas só achava a bagunça generalizada em seus filmes - deu um sopro de vida não aos personagens, mas sim, à obra.
Fez de “Batman- Cavaleiro das Trevas” uma tábua de salvação. A Obra perniciosa, nociva e pesada encontra aquele cinema querido, que muitos cinéfilos sentem falta: o cinemão. Obras que possuem fôlego e vigor narrativo, e que não esquecem que mesmo em um terreno distante do autoral, a possibilidade de criação alcança patamares até não desejados por seus criadores. Esse é o caso que, felizmente, toma conta de Nolan e de “Batman- Cavaleiro das Trevas”.
A abertura do filme demonstra que a mão do diretor sofria de uma benção necessária: a câmera segue em travelling vertiginoso em direção a um arranha-céu, a vidraça é estilhaçada. Ladrões mascarados tomam de assalto um banco. Homens matando uns aos outros. A seqüência por mais simples que possa parecer, contém toda a modulação do mal, por qual a obra vai espernear o tempo inteiro. A loucura se instaura. O tom policial, humanista, realista, e doentio, trata de dar alimento ao embate, não entre Batman e Coringa, não entre o comissário Gordon e a corrupção de Gothan, mas sim entre o ser humano e sua derrota.
O campo é aberto para o ser humano e suas dores. Coringa altera a origem de suas cicatrizes a todo o momento. Batman renega salvar seu grande amor por um bem ‘maior’. Gordon participa de uma farsa que provoca reações negativas em sua família. Dois barcos e dois detonadores. Está armada a confusão: um leva os civis, pessoas de dignidade e de boa conduta, o outro, carrega a escória da humanidade, assassinos. Nolan ‘aborta’ o desfecho crucial do incrível set-piece às avessas. Mas aí já era tarde demais. O ser humano se encarrega de mostrar, cada qual, a sua essência. Nolan participa do jogo alterando e manipulando sabiamente o espaço entre os personagens. Esse espaço estrutural, vindo dos filmes de gênero, encurta a distância entre os filmes de entretenimento e “filmes artísticos”. “Batman-Cavaleiro das Trevas” cospe em nossa cara a assertiva do sublime Fritz Lang: “somos todos filhos de Caim”. Nunca foi tão saboroso sentir o doce sopro, herdado do assassino de Abel.
Aerton Martins-APJCC 2008
País: Estados Unidos/Reino Unido
Duração: 152 minutos
Ano: 2008
14 anos
Serviço:
Sessão da Plateia Especial de 3 Anos de Cine CCBEU
Dia 31 de Maio, quinta-feira às 18h30
no Cine Teatro do CCBEU
(Travessa Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA
Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cine GEMPAC e Art Malha
Curadoria: Tiago Freitas e Max Andreone
Mais informações:
E-mail: cineccbeu@gmail.com
Twitter da APJCC
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