quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Mostra Melhores de 2012 - 5 anos de APJCC




Em 2012, a APJCC comemora meia década de vida. Nesses cinco anos, foram várias as mudanças: novos integrantes foram agregados; integrantes antigos, e fundamentais, se mudaram de Belém; cineclubes nasceram, cresceram e, alguns, morreram, não sem antes frutificar. Algo persiste, entretanto, sem alteração em todos esses anos: o amor – pelo cinema, antes de tudo, e pelo debate. A materialização mais evidente desse amor é a Mostra Melhores do Ano, realizada ininterruptamente todo dezembro, mês de aniversário da APJCC, como uma retrospectiva dos grandes filmes que chegaram às telas brasileiras – sejam as dos cinemas ou as de nossos computadores – no ano que termina. A sensação, para nós, é a de rever velhos amigos, que nos proporcionaram grandes momentos durante o ano, e de poder apresentá-los a novas pessoas, torcendo para que essa amizade se espalhe e vire amor – porque grandes amizades são grandes amores. Questões infraestruturais impediram que a mostra de 2012 acontecesse em dezembro e ela migrou para janeiro de 2013. O amor, todavia, é o mesmo. Compartilhem!

Programação

09 de janeiro, quarta-feira


16h  
10º - Precisamos falar sobre o Kevin, de Lynne Ramsay 
Um adolescente promove um massacre na escola em que estuda. "Precisamos fala sobre o Kevin" trata disso a partir da perspectiva da mãe. Um filme lindo e violento como o próprio cinema, Tilda Swinton e Ezra Miller em performances únicas.
Guimarães Neto (APJCC)

18h30
9° - Caminho para o nada, de Monte Hellman
Lauren Graham é uma atriz que interpreta Velma Duran, uma descendente cubana que se envolveu com um milionário, cometendo duplo suicídio em nome desse amor proibido. Velma Duran é uma cubana lutando contra a opressão, morta pelos seus ideais, seu pai contrata Lauren Graham para interpretá-la e para morrer no lugar dela, preservando assim seus companheiros de luta. Mitchell Haven é um diretor de cinema, ele se apaixona por Lauren Graham, o que põe em risco seu “shitty hollywood movie”. Laurie Bird foi uma atriz, atuou em poucos filmes, mas dois foram suficientes para fazer um diretor se apaixonar perdidamente por ela. Hellman, o homem do inferno, Haven, heaven, talvez. Bird morreu muito nova, o problema é que o amor não tem idade pra morrer. A subida ao céu de Monte é para encontrar essa imagem perdida, por que no fim é isso e o tempo é cruel. Velma Duran, Lauren Graham, Laurie Bird são todas Shannyn Sossamon, habitam de maneira destrutiva esse corpo. “You and I know who killed Madeleine.” O engraçado é que o filme noir sempre tratou das mulheres fantasmas, nada de novo aqui.
Cauby Monteiro (APJCC)

10 de janeiro, quinta-feira


16h
8°- Cosmópolis, de David Cronenberg 
Filme problema do ano – me inquietou na poltrona em cada segundo das suas inacreditáveis uma hora e meia (parecia ter vivido toda uma vida naquela sessão). Metáforas, alegorias, símbolos e signos são abundantes, mas não é deles que quero falar. Acho mais urgente o reconhecimento de uma costura tão exata e hermética operada por Cronenberg, que diante de um material tão esmagador poderia entregar simplesmente um filme-tese, e entregou um filme-cinema.
Estética do desagradável? Sim. Niilismo no campo/contracampo? Sem dúvida. Afetuosa e sincera tentativa de recuperar algo que há muito se perdeu e que nem se tem a ideia do que seja? Aham. Cosmópolis parece uma daquelas balas que ao entrarem no corpo espalham-se por todo canto – incluindo o coração.
Felipe Cruz (APJCC)

18h30
7° - 4:44 Last Day on Earth, de Abel Ferrara 
O profano ortodoxo Abel Ferrara instiga o fim do mundo no cinema, através do cinema, pro cinema (e o cinema é e sempre será, o mundo). Cada instante de 4.44 pode ser o fim, como pode ser o meio e o início. Os problemas são os mesmos, crises infantis de ciúme, problemas com drogas, a relação homem/mulher. Adão e Eva vivem não no paraíso mas em um flat artístico em Nova York, conjugados a um problema só, obrigados pelos laços do amor a viver seus últimos instantes juntos. O medo da morte, ao ver nela só o que resta, o único futuro possível, será realmente medo? Ou será a consciência de si e de como nos ligamos a esse planeta de forma infinita e irremediável? Mesmo com todas as suas blasfêmias não existe maior crente que Abel Ferrara.
Cauby Monteiro (APJCC)

11 de janeiro, sexta-feira


16h
6°- Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, de Beto Brant e Renato Ciasca
Esfinge – imagem que ronda e assombra a humanidade já há muitos milênios. Encantamo-nos com seu enigma justamente porque o sabemos indecifrável. Olhamos o mais fixamente possível em seus olhos abissais para que os olhos do abismo se voltem para dentro de nós. A encontramos para nos perder – porque perder-se é, também, uma forma de salvar-se.
A Esfinge-Lavínia suga e revigora a essência do simplório Cauby (simplório não por condição, mas por comparação), a quem – reles mortal – não resta nada a não ser observá-la e representá-la. Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios é do gênero milagre; resultado de uma alquimia sensível em que todos os envolvidos parecem igualmente responsáveis por sua beleza ofuscante. Beleza do sexo, do desespero, do amor, da memória. Beleza do ser humano – pela qual a Esfinge, enquanto entidade imortal, encontra-se irremediavelmente também fascinada.
Felipe Cruz (APJCC)

18h30
5°- Millenium – Os homens que não amavam as mulheres, de David Fincher
“É o gay rapaz !!!! O homem que não ama as mulheres” (Conversa do Bar do Horto, mesa ao lado)
“Há algo de podre no Reino da Dinamarca” (Shakespeare)
Existe toda uma mística em torno da deep web e seu universo de violência gratuita e de uso radical das possibilidades “proibidas” da internet dentro desse contexto sobrevivendo em meio a esse caos a figura do “outsider” representado em Millenium pela imagem gélida de Lisbeth (grande trunfo do filme em relação a construção de personagens). Em meio a genealogias familiares reviradas e torturas nazistas regadas a “New Age” se esconde o amor que irá crescer para sempre ...
Gabriel Gaya (APJCC)

17 de janeiro, quinta-feira


16h
4°- O Espião que sabia demais, de Tomas Alfredson
Passado em 1973, em plena Guerra Fria, o longa gira em torno de George Smiley (Gary Oldman), um veterano da divisão de elite do serviço secreto inglês conhecida como Circo. Após a morte de seu ex-chefe e de alguns fracassos em missões internacionais, ele é chamado para desvendar um mistério sobre a identidade do agente duplo que, durante anos, trabalhou também para os soviéticos. Todos à sua volta são suspeitos, mas, como bons espiões que são, foram treinados para dissimular e trabalhar em condições de extrema tensão.

18h30
3°- J.Edgar, de Clint Eastwood
Sendo sincero, eu já estava me chateando com o Clint Eastwood. Invictus e Além da Vida foram filmes que não me desceram e eu simplesmente não entedia o que se passava com o diretor de Menina de Ouro, A Troca e Gran Torino.
Então veio o quase preto e branco de J. Edgar e as coisas voltaram a fazer sentido. Voltaram a sensibilidade, a delicadeza, a força, a contundência, o rigor, Cint voltou (alguns poderão dizer que ele não havia se ido de todo, mas eu estava com saudade de uma boa parte). Afinal, existem histórias de amor, e existem histórias de amor dirigidas por Clint Eastwood. E, como em cada um dos seus maravilhosos filmes anteriores, aqui o beijo (único) também vem acompanhado de uma enxurrada de socos e pontapés – daí jamais ser esquecido, daí ser eterno.
Felipe Cruz (APJCC)

Dia 18 de janeiro, sexta-feira


16h
2°- Drive, de Nicolas Winding Refn
“Do amor romântico ao terror catártico em questão de segundos”
O filme que subverteu o gênero “Ação” e que entrou no circuito de cinema oficial em 2012 causou comoção ainda em 2011 quando vazou na internet . O boca a boca gerado na blogsfera,conversas de bar, redes sociais e sites especializados acabou fazendo o filme crescer em público...O tratamento elegante dado as cenas de violência e afeto protagonizadas por um herói lacônico dão a tonica do filme junto a um forte apelo revivalista do universo “Synth”.
Gabriel Gaya (APJCC)

18h30
1°- Moonrise Kingdom, de Wes Anderson
Re- inventor do humor chuvoso a La “Peanuts” Wes Anderson retoma perifericamente ao tema da orfandade em seu último filme “Moonrise Kingdom”, um libelo sobre a crueza do amor infanto-juvenil feito por quem nunca subestimou (assim como a supracitada tira de quadrinhos/desenho animado) a sensibilidade das crianças grandes que somos todos nós.
Gabriel Gaya (APJCC)

Serviço:

Dia 09, 10, 11, 17 e 18 de janeiro
Sessões às 16h e 18h30 no Cine Teatro do CCBEU
(Travessa Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA
Realização: APJCC e CCBEU

Mais informações:
cineccbeu.blogspot.com
E-mail: cineccbeu@gmail.com
Twitter da APJCC
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(91) 8374-9497
(91) 8158-1840