segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cine CCBEU apresenta:"Amantes" de James Gray




Percurso dolorido
Leonard é um rapaz um tanto perdido na vida, que foi morar na casa dos pais após sofrer uma decepção amorosa. Tem uma mãe protetora e um pai preocupado com seu futuro. Na vida de Leonard entram duas mulheres, Sandra e Michelle. Ele transa com Sandra mas é loucamente apaixonado por sua vizinha, Michelle. Vemos o mundo dele desabar quando descobrimos que Michelle tem um namorado. Leonard fica inquieto, e desconta sua tristeza descascando o papel do poste. A cena é o desfecho de um balé luminoso e brilhantemente arquitetado por James Gray segundos antes: O casal dança em uma boate, Leonard abraça Michelle com toda força, como se tudo aquilo fosse seu mundo, sua parceira recebe um telefonema e o abandona na pista. Leonard ama Michelle e abre seu coração duas vezes: no terraço do prédio, numa coreografia cinematográfica precisa e sóbria, onde os dois são enquadrados pelas janelas e portas da casinha, e a outra no mesmo local, uma cena mais fechada, que culmina na explosão carnal mais sublime da atualidade no cinema. Não interessa saber se o ciclo dramático será fechado, o que vale é sentir a intensidade do personagem, vivido magistralmente pelo ator Joaquim Phoenix. Gray declarou recentemente que estava procurando um modo de fazer um filme que apelasse inteiramente às emoções, que pilares intelectuais ou convenções do gênero passassem longe. Leonard não é um típico Don Juan, é um rapaz com andar desengonçado, que vê em uma mulher viciada em drogas o caminho para sua libertação. O cinema de Gray é silencioso e silencia. A sequência do pátio no prédio, onde o protagonista espera sua amada para fugir, é tão bela que assusta pela sua simplicidade, a duração é curta mas parece que dura uma eternidade. A câmera de Gray é astuta, denuncia a emoção, procura no olhar sua força. Leonard trocando olhares com sua mãe e Sandra olhando para Leonard são imagens que dizem mais do que toda filmografia de Bertolucci, Gus Van Sant e Lars Von Trier dizem juntas. No 'clímax' do filme nosso protagonista olha para nós, como se quisesse dizer que voltaria a fazer o mesmo caminho que fez na monstruosa e linda abertura. No fim salta uma impressão, que a vida nunca se fecha, é um percurso constante e dolorido, e James Gray soube como poucos enquadrá-lo dentro da sétima-arte.

Aerton Martins ( APJCC- 2009)


Ano: 2008
Duração: 110 minutos
14 anos

Serviço:
Dia 25 de Outubro,quinta-feira

Às 18h30 no Cine Teatro do CCBEU
(Travessa Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA


Realização:
APJCC e CCBEU
Apoio: Cine GEMPAC


Mais informações:
E-mail: cineccbeu@gmail.com
Twitter da APJCC: http://twitter.com/ apjccnews
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