quinta-feira, 30 de maio de 2013

Quatro anos de descobertas cinematográficas


Cineclube mais duradouro da APJCC, Cine CCBEU comemora aniversário com homenagem a John Carpenter

Compartilhar o cinema com os outros é tão importante quanto escrever sobre. O cineasta é um latente espectador. Antes do crítico, se instaura um cinéfilo, um amante da sala escura. Os cineclubes fizeram os olhos de muita gente enxergar com mais cuidado. Exemplos sem números abarrotam o espírito amável da sétima arte e seus membros. O então menino François Truffaut organizava o cineclube “Círculo de Cinema”. Dali, das cadeiras ocupadas por moleques impactados pelo o que sentiam na tela, saiu uma turma que daria ao mundo não apenas os filmes. Muitos virariam cineastas: o próprio Truffaut, Jean Luc Godard, Eric Rohmer, Jacques Rivette. Mas também colocariam, em suas defesas, críticas, a força de muitos cineastas até então menosprezados pelo eixo “culto” do cinema. Alfred Hitchcock, Samuel Fuller e Nicholas Ray foram alguns dos artistas que tiveram seu reconhecimento.
Muito mais do que um simples espaço para ver filmes, o cineclube libera descobertas. Viver é uma eterna descoberta. Foi assim que a APJCC surgiu. Da reunião de três cineclubes, o Trashformação, Cine Uepa e o grupo Fellinianos, a cidade de Belém respirou um pouco melhor, redescobriu a arte de compartilhar filmes. Lembrando que, à época, 2007, não havia o grande número de cineclubes que existem hoje, o Cine Olympia só exibia produção francesa de gosto duvidoso, o Cine Estação passava por um momento trôpego, sem regularidade, e a APCC, atual ACCPA, não empunhava mais a força de outrora, de décadas passadas. Para fins de registro, Pedro Veriano e Alexandrino Moreira foram e são grandes monumentos de nossa cidade. Raros cineclubistas. O Circuito Cinearte foi uma força suprema e ainda ecoa no imaginário dos cinéfilos, trazendo obras esquecidas – a paixão podia ser sentida de longe, no peito do generoso Alexandrino.
Como a vida leva, desbasta, sombreia, eleva, inflexiona, os cineclubes vão sentindo o mesmo. Cineclubes foram, muitos surgiram. O pedaço duradouro da APJCC chama-se Cine CCBEU. Esta parceria com o Centro Cultural Brasil – Estados Unidos completa, neste mês de maio, quatro anos e, para comemorar a data, nada mais, nada menos, do que um dos grandes cineastas do cinema, John Carpenter, comanda a festa. Amizades, filmes, conversas francas, público ávido pelo apagar das luzes, desgostos e, por que não, infinitas mágicas e descobertas. Um cineclube se confunde com a descoberta do espectador. Sozinho em silêncio, o que se passa na tela invade seu corpo, captura sua vida. Que o Cine CCBEU capture seus espectadores por mais quatro, seis, dez anos. Vida longa à maior descoberta que a APJCC deu à cidade!

Aerton Martins – APJCC 2013

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